quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Combate à Dengue

O Secretário Estadual de Saúde de meu Estado (o Paraná) alerta a população para o risco iminente de uma epidemia de dengue hemorrágica. Certo está ele em alertar à pessoas de algo que mata três em cada cinco infectados neste nosso País. O Paraná não apresenta índices perigosos de infestação pelo Aedes aegypti, porém algumas cidades paranaenses superam em muito o índice considerado normal ou sem risco. Por esta razão, a de estarmos próximos à uma epidemia de dengue hemorrágica, a Secretaria de Estado da Saúde lançou, como parte do projeto Verão sem Dengue, a Caravana Conta a Dengue que percorrerá os 20 municípios com mais elevado índice de infestação predial por larvas do mosquito transmissor, visando realizar ações desde debates com os gestores públicos até a conscientização da população para os riscos da doença.

A dengue é uma doença séria, grave e que provoca morte. Não é uma doença cuja prevenção depende só de nós. Para a maioria das doenças, a pessoa vacina-se, faz exames periódicos de prevenção, toma cuidados com alimentação e outros fatores que dependem dela própria. No caso da dengue, não: não depende só de você. Depende fundamentalmente da atitude de seu vizinho. Você pode manter seu quintal limpinho, mas, se seu vizinho não manter limpo o dele, você corre o mesmo risco. O mosquito transmissor não está preso em limites geográficos.
Faz-se necessária um ampla, constante e enérgica frente de ação da parte de todos nós. Todavia, faz-se necessária uma mudança na educação das pessoas. As pessoas ouvem, mas não colocam em prática. Sabem que o lixo e a água acumulados são criadouros de larvas da dengue, mas não conseguem entender que a ação de evitar estes acúmulos depende da ação prática delas.
O sanitarista Oswaldo Cruz combateu o mosquito que causava a febre amarela (que o mesmo vetor da dengue) em uma época em que o Brasil ainda era imperial e a população vivia em precárias condições de vida. Foi uma batalha sem precedentes voltada para a saúde da população. E foi vitoriosa. Por quê não fazermos o mesmo hoje?? Depende de mim, depende de você.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ousadia

Ouso querer-te
e busco nos seus olhos
um assentimento
para esta ousadia de querer-te.
Ouso desejar-te
E busco em teu corpo
um “sim” para tal atrevimento.
Ouso sonhar-te
e busco em tua noite
concordância para sonharmo-nos
mutuamente.
Ouso amar-te
e busco em teu coração
um lugar para depositar tal amor.
Ouso pensar que você me quer,
ouso fazer planos de futuro juntos
e busco nas estrelas uma concordância
que não encontro em você.

01/02/88

Dia-Poesia

Olha a poesia
deste dia.

Não tem chuva
como uva
escorrendo.

Tem sol
como um girassol
aquecendo.

Tem o céu azul
de norte a sul.

Tem o verde das matas,
tem cascatas
cantando.

Tem as aves,
pequenas naves,
voando.

Tem alegria,
tem correria
de criança.

Tem poesia
neste dia
cheio de esperança.

18/05/88

Das Ajudas

Assistimos penalizados as ocorrências no Haiti: os edifícios em escombros, os dramáticos resgates dos sobreviventes soterrados, a incansável busca dos bombeiros e salva-vidas. Nos sentimos esmagados pelos olhares e dores daqueles que perderam entes queridos. Principalmente crianças que ficaram órfãs, que nos fitam através das câmaras em olhares tão doloridos que nos comovem até a alma. Olhares de perdas de afeto, de porto seguro e de sem rumo. Tragédias servem mesmo para nos chocar e chacoalhar de nossa mesmice cotidiana. Servem para nos acordar de nossa zona de conforto e de nossos olhares ao próprio umbigo.
As nações se mobilizam para o envio de socorro e é assim que deve ser. Entretanto, o que me causa admiração é nosso Brasil estar encaminhando ajuda financeira. Quisesse o Presidente enviar pessoas (médicos, enfermeiros, socorristas, técnicos, etc.) tudo bem. Mas enviar dinheiro e remédios me deixa admirada. Nada contra ajudar quem precisa, principalmente em momentos dramáticos como estes que atravessam os haitianos. Mas tirar da boca do filho para dar ao vizinho me assusta. Porque este montante de dinheiro que para lá é enviado nos faz falta. Nunca se usou montante deste porte para socorrer aos nossos flagelados. E são tantos. E não me refiro aos flagelados de enchentes, deslizamentos de terra outros mais. Não, refiro-me aos flagelados nossos de cada dia. Que morrem nas filas de hospitais, que acordam de madrugada em busca de consultas e atendimentos em postos de saúde e voltam para casa sem este atendimento. Ou são atendidos tão mal, mas tão mal que é como se não tivessem sido. Refiro-me aos flagelados que morrem de fome e sede nos rincões do sertão. Inclusive lá pelo Nordeste natal do Presidente. Se no Haiti há pessoas famintas, sedentas e feridas, aqui também nós os temos. E aos montes. Temos mães que gritam e choram angustiadas com seus filhos nos braços, ardendo em febre ou outro mal qualquer e não consegue atendimento algum. Temos mães que dão água com terra a seus filhos para matar-lhes a fome. Temos mães que dão seus filhos por não ter condições de criar (espécie de segundo parto forçado). Temos pessoas pobres. Paupérrimas. Carentes de todo tipo de ajuda.
Não, não sou insensível!! Apenas não sou hipócrita. Enviar ajuda em forma de dinheiro que nos faz falta apenas para fazer bonito aos olhos do mundo parece-me a mais cruel das formas de “aparecimento”.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Perda da Doutora Zilda Arns

É com imenso pesar que se noticia hoje a morte da Doutora Zilda Arns. Triste notícia não só para nós, paranaenses, que vimos nascer em nossas terras seu grande trabalho, a Pastoral da Criança, mas para todo o Brasil e o mundo. Foi vítima do terremoto que atingiu a região do Haiti, causando desmoronamentos e soterrando milhares de pessoas. Difícil imaginar Doutora Zilda Arns sob escombros. Mas é a realidade que se nos apresenta hoje.

Seu legado ficará vivo na vida de cada pessoa que recebeu atendimento da Pastoral da Criança e, com certeza, teve a vida mudada por este agir. Vidas que talvez nem sobrevivessem, tiveram seus rumos mudados pela interferência destes voluntários tão amorosos, verdadeiros discípulos do Amor. Doutora Zilda Arns perdeu a vida no cumprimento do dever e deve ter gostado que assim fosse.

Com certeza, muitos se perguntarão como Deus permitiu que a tragédia levasse alguém tão especial, tão humana, tão amorosa e tão dedicada ao próximo. Mas Deus deu o livre arbítrio a todos os homens, do planeta inteiro e o que eles decidem fazer em desfavor da natureza não pode ser impedido por Ele. E a “vingança” da natureza não sabe separar os bons dos maus. Os ventos, terremotos, incêndios e tsunamis não sabem quem é bom ou quem é mau. Por isto todos pagam o preço desta insensatez deste animal racional que age irracionalmente e destrói a própria casa.

Infelizmente, somos tomados pela comoção de tragédias como esta que atingiu o Haiti, cada vez mais freqüentes em cada canto da Terra. A recente convenção em Copenhage deixou claro para todos que os líderes mundiais à frente das potências poluidoras estão se lixando para o destino do meio ambiente. Cada um quer apenas seu direito em continuar poluído, não quer o dever de mexer no que está gerando lucro. O futuro pode ser sombrio, se assim continuar.
As Pastorais da Criança e do Idoso choram a perda de sua fundadora. E a Terra chora pelo que pode vir a acontecer num futuro muito próximo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

SONHOS DE NATAL

Quem me dera em 2010 pudesse receber de Deus um poder infinito, que jamais esgotasse as reservas e me permitisse fazer o que sempre quis: ajudar o semelhante. Não importa se meu semelhante nem sempre é tão semelhante assim a mim. Às vezes ele é tão dessemelhante!!! Mas devo ajudá-lo sem dúvida. E sem espera de retribuição. Quisera que este poder me fizesse curar os doentes com um toque de mão. Me fizesse trazer riso onde há lágrimas de dor. Me fizesse ofertar comida onde a fome grassa sem piedade. Quisera que este poder me capacitasse a derramar amor nos corações. Em todos, mesmos nos mais duros. Até nos mais amorosos, que amor nunca é demais.

Quisera que este poder me permitisse levar reconciliação onde houvesse desavenças entre os seres que deveriam ser irmãos em um Pai. Me fizesse, com um gesto, cessar as guerras irracionais. Me permitisse transformar as mentes embrutecidas de ódio e rancor. Quem me dera que em 2010 eu pudesse fazer de todos os dias, dias de amor, de bem e de paz. Quem me dera este poder me fizesse dar um lar para cada criança de rua. Quisera, com este poder, acabar com a miséria que humilha, que gera violência e mágoas ressentidas. Quisera em 2010, fazer com que todas as manhãs não fossem apenas começo de mais um dia, mas fossem início de um novo dia, cheio de esperanças, de sonhos e força de vontade para gerar transformações. Quisera em 2010 dar trabalho para todos, dar condições de vida digna ao planeta inteiro. Quisera poder fazer com que todos se amassem como irmãos verdadeiros, sem vergonha de mostrar isto ao semelhante. Quisera que este poder me concedesse fazer com que todas as pessoas dessem um passo em direção à outra, estendessem a mão, oferecessem colo e coragem aos que precisam., sem vergonha de assim agir. Assim estaríamos agindo de acordo com aquilo que o Criador nos determinou. Só então poderíamos ser chamados de seres humanos. E todos os dias seriam novos.

Vacilo

Quando o mundo fica negro
e todo o sol se escurece.
Quando volto-me para dentro,
pro fundo de todo meu ser,
incomodo os surdos-mudos
com meus gritos silenciosos.

Quando sinto minha fé diminuir
e todo meu interior desfalece,
toda minha estrutura interna cai,
acordo os loucos de dentro de mim
e luto contra moinhos mortais,
contra ventos de chuva quente.

Quando toda minha vida enlouquece
e os duendes de meu mundo de dentro
ficam insanos e berram,
eu desfaleço e mergulho no poço de lama
que mora no inconsciente.

Busco em que me firmar
e, na noite escura,
sem estrelas do meu coração
eu grito Teu nome e rezo
para que venhas amparar-me,
me dar a mão.

Eu grito Teu nome e suplico
para que venhas me salvar.

Quando os sonhos derretem feito gelo ao sol
e as esperanças escorrem feito água entre os dedos.
Quando a angústia aperta com dedos de aço
a minha garanta e sufoca-me.
Quando os ventos, os raios e trovões da tempestade
assolam meu interior e eu desmancho
feito castelo de areia na praia,
eu grito Teu nome, meu Deus,
e choro para que venhas encontrar-me.

18/08/88

Primavera inútil

O campo se cobriu de flores
e as árvores brilham em verde festa.
Os pássaros cantam alegres e ruidosas melodias,
as crianças sorriem e correm, brincam.
O céu está mais azul.
A primavera se faz presente
mas é-me inútil.
Não sinto o doce aroma da brisa
nem danço a musica dos pássaros.
Estou sem você
e os minutos parecem anos de ausência e dor,
os segundos são séculos de saudades incontidas.
E as noites, essas são viagens de desejos reprimidos,
barcos de gemidos sufocados.
A alma chora embrulhada na dor.
Primavera inútil esta:
não floresci, não renasci.
Continuo morrendo
por você.

16/08/90

Os meus amores

Os meus amores chegam quando menos espero
e me fazem sonhar
ou cair de boca na real.
Os meus amores - quantos são eles! -
mal esperam um terminar
e já principia outro.
Os meus amores me fazem tremer
de prazer ou de ódio,
me dão desejo e desespero.
Os meus amores me fazem viver apaixonada
buscando caminhos mil.
Ah, os meus amores!
Esses companheiros me dão vida
e dão esperança e loucura.
Por mais que eu me escuse,
meus amores vêm,
me tomam de assalto,
me fazem lúcida ou louca.
Estes meus amores, tão amantes,
me fazem sair do mundo,
me fazem sofrer e sonhar.
Mas os meus amores que me fazem
ficar sem graça e sem rumo
são imprescindíveis
e fazem parte de mim.

03/04/90

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Inverno

O vento leva as folhas nas ruas,
as árvores estão quase todas nuas.

Olho as pessoas, as casas, o céu,
não quero ficar andando ao léu.

Por isto permaneço parada olhando,
as pessoas e o tempo vão passando.

O ar está frio, o inverno chegou,
sopas quentes, lareira, cobertor.

Agora neste instante só quero olhar,
ficar parada, pensando por pensar,

sentindo o vento tocar e gelar meu semblante.
Toda minha roupa não me aquece o bastante.

Esfrego as mãos, cruzo os braços, ouço,
são sons distantes, ponho as mãos no bolso.

A tarde está cinzenta, por quê?
Dá uma sensação de angústia - medo de viver?

Não sei, nem o pensamento se move,
toda esta hora me comove.

O futuro é incerto, é o que penso,
porém o inverno me tira até o senso.

24.04.85

sábado, 9 de janeiro de 2010

Cicatrizes........

Dos caminhos que percorri,
trago apenas lembranças
de que buscava algo
mas não sabia ainda o que era.

Talvez buscasse aquilo que me transformaria,
que cantaria em meu coração
a música do amor eterno.
Que poria risos em meus lábios
e certeza de companhia perene.

Dos caminhos que percorri
trago na alma cicatrizes,
na pele, o calor que não ficou
nos olhos, a lágrima que secou.
no coração, o amor que ensaiou
mas forças não teve
de ser mais que perspectivas.

Dos caminhos que percorri
tenho em mim aquela que achava que era eu
mas era apenas mais busca
de algo que queria ser.

Junho/2005.

Vinho

Vinho.
Não o das taças que celebram vida,
que celebram risos,
animam a alma.

Vinho,
O do teus cabelos,
Colorindo o riso
Que da tua face
Escorre pelo mundo.

Vinho,
Que me embriaga
Me seduz e acalma
Os desejos incontidos
E que afogo em teu seio.

03/05/2004