quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Funcionalismo Público

Hoje é um dia especial para nós, funcionários públicos: é nosso dia. Por mais execrados, tachados, ofendidos que sejamos, estamos a postos todos os dias para cumprir nosso dever em prol desta mesma sociedade que nos vê com olhos meio ressabiados, uma vez que é voz corrente que somos preguiçosos e nada afeitos ao trabalho. Ledo engano! Somos muito trabalhadores, conscientes de nosso dever e de que a sociedade depende em muito de nosso desempenho. Cada Carteira de Trabalho, de Identidade, RG, cada consulta ou exame médico, cada processo jurídico, cada processo de INSS, cada emissão de passaporte, etc, tudo passa por mãos habilidosas de funcionários públicos.

Certo é que existem muitos servidores públicos que fazem jus à pecha de folgado: não cumpre horário, não faz seu dever corretamente, falta ao trabalho por qualquer motivo (e sem motivo também). Estes envergonham a nós, honestos trabalhadores das repartições abertas ao atendimento público.

Parabenizo àqueles que, como eu, são servidores públicos no verdadeiro sentido da palavra servir.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Contentamento fugaz

Ver-te passar é doer,
é ver chegar em meu peito
a sensação de impotência,
impotência por não poder te ter.
Queria te ter em meus braços,
colada em meu peito,
pele com pele,
boca com boca.
E sou obrigada a sufocar
este amor em meu peito
e o desejo na alma, no corpo,
fúria incontida e voraz
capaz de matar-me de sofrer,
de consumir-me em frêmitos
de te ter, de te possuir,
e que se transforma em sensação
de louca satisfação e suprema felicidade
quando você apenas me sorri.
Se falas comigo, o coração pulsa descompassado;
se me tocas, perco o juízo.
Mas tudo isto passa,
você volta para seu mundo
e eu fico com as lembranças.

28/11/91.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mudanças

Tenho ouvido muito que “este mundo está perdido”. Que não tem mais jeito, que tudo está sem futuro. Mas o que vejo é que quem está perdido é o homem. O mundo, o planeta e o universo continuam onde sempre estiveram. Quem se perdeu foi o homem, o ser humano, sedento de novidades e mudanças. Em nome de um certo progresso, de umas certas inovações tecnológicas, o homem foi se perdendo aos poucos ao longo do caminho. E hoje se vê perplexo, afirmando que o mundo está perdido. E diz isto porque vê que valores e caráter estão se diluindo. Abismado diante do desrespeito com que filhos tratam pais, o homem diz que tudo está perdido. Perplexo diante da banalização da violência e do galopante desrespeito de um ser humano ao outro, o homem exclama que o mundo está perdido.

Não condeno o avanço do conhecimento, não. É útil e necessário que assim seja. Mas não se pode desatrelar os bons costumes do progresso.

Reafirmo que quem se perdeu foi o homem. Longe de Deus, ele achou-se o dono e senhor de si. Ledo engano! Sem Deus, o homem caminha para o caos. Não sabe para onde vai. Descobre cada vez mais tecnologias e cada vez mais se sente vazio, abismado em ver que não sabe onde pisa porque o terreno conhecido parece se desfazer sob seus pés. Tudo aquilo que lhe foi incutido a título de educação e de boa criação se choca com a perda de ética, de valores, de respeito.

Enquanto não se der conta de que caminha a passos largos para o precipício e de que urgente se faz uma nova maneira de agir e pensar, uma educação que privilegie o humano, realmente parecerá que o mundo está perdido