quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Esperei desculpas que não vieram.
Esperei palavras que não ouvi.
Continuo vivendo.
Não sonho mais.
É sempre noite escura dentro de mim.
Fev. 2010.

Campanha da Fraternidade

Mais uma vez a Igreja Católica lança a Campanha da Fraternidade. Este ano, como em alguns anos anteriores, ela tem caráter ecumênico, sendo uma realização conjunta das Igrejas Católica, Luterana, Episcopal Anglicana, Presbiteriana Unida Sírian Ortodoxa de Antioquia.
Muito oportuno este tema “Economia e Vida” e o lema “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt. 6,24). Estamos vivendo tempos em que as pessoas endeusam o dinheiro, o vil metal. O “ter” é muito mais importante que o “ser”. É um lugar-comum dizer isto, parece assunto batido, mas é muito relevante. Extremamente relevante. A sociedade de consumo cresceu de forma assustadora. Depois que a ciência, a política e a economia se desligaram da religião e da ética, muita coisa mudou. Ao mesmo tempo em que a revolução industrial trouxe facilidades, invenções e tudo o mais que nos proporcionaram evoluir para o que temos e somos hoje, também se perdeu muito do que nos caracterizava como civilização. É muito claro e revelador o trecho do texto-base da campanha deste ano, quando diz: “Na sociedade de mercado, paga-se pela troca de bens e serviços. Vende-se, compra-se. Não se doa e não se agradece. A sociedade de mercado nos afasta das raízes da árvore da vida, que são o amor, dádiva, fraternidade e solidariedade. Tira-nos dos lábios o agradecimento e do coração o sentimento de gratidão. Mas não somos mercadoria e nossa vida não depende dos bens que possuímos.” (texto base n23). O sistema de produção é composto por máquinas, o mercado financeiro e econômico é frio. Não há espaço para troca de gentilezas. Cobra-se muito resultados, metas, aquisição de bens. Basta ver nossas propagandas: compre, tenha, parcele -com este carro você será o centro das atenções – com esta roupa você ganha o mundo – com esta bebida você consegue todas as mulheres - com este cartão você compra o Céu. E neste embalo, as pessoas viraram bens de consumo. Mulheres se expõem como mercadorias a serem usadas, descartadas. Elas mesmas não têm um pingo de valor perante seus próprios olhos. Somente querem ter peitos e bundas grandes, como se estes fossem seus passes livres que abrissem todas as portas, lhes dessem acesso a tudo. Os jovens querem ter tudo que acham que é seu de direito. E, se não têm condições para este “ter”, roubam, matam, etc.
Não que a campanha vá resolver todos estes problemas, mas vem em momento oportuno e é muito útil abrir os olhos das comunidades, levantar as questões, discutir, buscar possíveis soluções ou novos rumos, adotar novas posturas e agir antes que não se tenha mais direção a tomar.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Incompleta

Quando a gente está junto
sinto uma vontade imensa
de receber um beijo seu,
um milhão de beijos.
Desejo um abraço mais forte,
desejo um infinito de carinhos.
mas você não lê meus olhos,
não desvenda meu coração.
Eles te pedem tudo isso,
esperando ansiosos que você descubra.
Eu fico nervosa, trêmula
esperando o momento mágico
em que você desvendará meu ser
e me dará todo seu amor.
Mas os momentos passam
e me deixam magoada:
você ainda não saber ler
nas minhas entrelinhas.

09/09/87

Eu sem você

Te dediquei meus poemas mais lindos.
Te ofertei meus sonhos e te fiz rei,
Coroando seu ser com meus desejos.
Te cobri de rosas e seu perfume te fez essência:
a essência de mim.
Te dei minha vida e meu ser pulsou
e ansiou por você.
Te pus no centro de meus desejos,
te iluminei.
Juntei meu espírito ao teu,
uni minha alma à tua.
Te cantei as músicas mais lindas,
te pintei em tela de ouro,
te gravei em rocha de prata.
Solucei e chorei por você,
esperei e gritei por você.
Mas você, esquecido de tudo que fiz,
sem lembrar dos desejos meus,
estava longe, sumido na noite.
E na noite era eu sem você
que me tornava simples sombra vazia.

09/09/87.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Anjo

Você é flor que exala perfume,
você é sol radiante de luz.
é lua brilhando serena,
é aurora rompendo em paz.
Você é pássaro, é ave cortando o céu,
você é chuva caindo cantando,
é água em cascata que sussurra.
Você é criança sorrindo inocente,
é poema exalando poesia.
Você é anjo celeste na terra,
é desejo, ânsia, paixão.
Você é metade da alma de alguém,
a metade perfeita de mim.

10/10/87

Chuva

Corre pelas ruas a água barrenta da chuva
e cai cristalina, contrastante.

Corre murmurando um murmúrio sonolento,
a água da chuva no telhado.

Desenha caminhos de fantasia na vidraça,
a água em cristal líquido.

Canta nas folhas das árvores o vento
um murmúrio de acalanto,
uma cantiga de ninar
que adormece o coração.

Parece que a chuva ri dos seres
que caminham irrequietos e apressados
e ela insiste em cair.

A paisagem fica lavada
e o sol brilha mais intenso.
A vida reluz em toda parte,
parece que foi levada do mundo a tristeza,
resta a sensação de alívio,
um quê de liberdade.
Dá vontade de cantar.

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