Essa que mora dentro do espelho
e me olha com olhos mansos.
Essa que repete os mesmos gestos que eu.
Essa uma que dá a impressão de ser eu,
essa não sou eu.
Não sou eu, eu não tenho esses olhos
cansados pelo tempo de tanto que viu.
Não tenho essa face vivida, nem tenho,
tampouco, as rugas dos anos marcadas.
Essa do espelho me olha como a cobrar-me,
como a cobrar-me uma atitude que não tomei
e que ficou suspensa no ar.
Essa do espelho me acusa com olhos mansos,
essa do espelho parece saber de tudo,
de tudo que mora em minha alma.
Mas essa do espelho não sabe do que vivi.
Quando eu vou prá vida ela some do espelho
e só retorna quando volto, cansada.
Ela volta e me acusa,
me acusa e me cobra,
me cobra uma atitude
e eu, cansada da luta da vida,
eu, sem querer aturar mais isso,
tomo uma atitude: quebro o espelho
e mato essa que mora dentro dele.
terça-feira, 21 de junho de 2011
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